Onda de tiroteios nos EUA: por que ataques armados estão cada vez mais frequentes?

Fatalidades batem recorde no país; especialistas explicam que aumentos podem estar relacionados ao fácil acesso a armas

Onda de tiroteios nos EUA: por que ataques armados estão cada vez mais frequentes?

O relatório disponibilizado pelo portal Gun Violence Archive, atualizado em 6 de julho de 2023, revelou que mais de 22 mil atentados armados resultando em morte aconteceram nos Estados Unidos entre janeiro de 2022 e julho deste ano, além de cerca de 38 mil ataques, contando os fatais, que deixaram feridos.

O número cresceu consideravelmente desde 2013, quando a instituição começou a contabilizar os ataques, e está relacionado com diversos fatores. Jordan Kane, ativista antiviolência armada associada ao instituto Illinois Alliance to Prevent Gun Violence, explicou ao R7 que acidentes do tipo no país estão ligados a quantidade de armas disponíveis no território americano. 

 

 

"Somos o país com o maior número de armas por pessoa no mundo. Maior até do que lugares que estão enfrentando algum tipo de guerra, como o Afeganistão", explica. 

Segundo dados do Small Arms Survey, projeto de pesquisa com sede na Suíça que contabiliza a quantidade de armas de fogo no EUA, é estimado que cerca de 390 milhões de armas estavam em circulação nos EUA no último censo, em 2018. A proporção era de 120,5 armas de fogo por 100 residentes, acima dos 88 por 100 em 2011, superando muitos outros países ao redor do mundo, inclusive o Afeganistão que vive uma instabilidade interna há anos.

Um estudo do instituto Annals of Internal Medicine constatou que 7,5 milhões de adultos americanos compraram armas entre janeiro de 2019 e abril de 2021. Ou seja, cerca de 11 milhões de americanos estão expostos a armas de fogo em suas casas, incluindo 5 milhões de crianças.

 

 
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Jordan afirma que essa realidade piora em regiões menos favorecidas, onde a violência é mais frequente. "As pessoas pensam muito nos ataques em massa em regiões mais favorecidas, mas essa realidade é ainda pior em bairros já violentos", reforça. 

De acordo com especialistas da Justiça Criminal da Universidade do Alabama, nos EUA, mortes por tiroteios em massa são bastante prováveis. Cidadãos, mesmo no trabalho ou na escola, podem ser vítimas das fatalidades. Em outros países, esses casos geralmente ocorrem perto de instalações militares.

 

Em mais da metade dos casos nos Estados Unidos, o agressor possui mais de uma arma de fogo.

Em mais da metade dos casos nos Estados Unidos, o agressor possui mais de uma arma de fogo.

CCTV+/REUTERS

Em mais da metade dos casos nos Estados Unidos, o agressor possui mais de uma arma de fogo. Em outros países, o assassino normalmente tem apenas uma arma. O fácil acesso e a falta de suporte para agressores em potencial contribuem para esse cenário.

 

Lorenzo Pellegatti, professor e mestre em ciências sociais pela PUC SP, explica que muitos dos agressores possuem algum tipo de perturbação psicológica, e que seus atos, muitas vezes, inspiram novos agressores em condições similares.

 

"Muito difícil dizer exatamente quais os tipos de pessoas que cometem atentados armados, mas percebe-se um certo padrão de dificuldade de se inserir e enxergar na dinâmica do ambiente social", explica Lorenzo. 

Kane conta que seu estado já tem contemplado soluções efetivas para o problema, e que a solução "está aí", os órgãos responsáveis só não tem adotado as medidas cabíveis. "Atuar na origem do problema também é necessário, fornecer suporte para agressores em potencial faz diferença", explica Jordan.

"Cursos profissionalizantes, mostrar outros caminhos, até mesmo só servir como suporte emocional, faz a diferença. O acesso as armas é muito fácil na América, e tratar com essas pessoas pode até ser mais díficil, mas não é impossível", conclui a ativista. 

Fonte https://noticias.r7.com/internacional/onda-de-tiroteios-nos-eua-por-que-ataques-armados-estao-cada-vez-mais-comuns-07072023